Discoteca.

Com as mãos enterradas até ao fundo dos bolsos das calças, avançava pela rua, olhando apenas para as suas sandálias e a calçada. Tinha um sorriso no rosto mas não sabia porque ria, apetecia -lhe estar com aquele sorriso sem razão. Levantou a cabeça quando viu o painel brilhante da discoteca. Tirou a carteira da pequena mala que trazia a tira-colo e pagou a entrada, sempre com um sorriso querido no rosto de anjo. Deixou a mala no bengaleiro, onde a rapariga, que estava lá, tinha umas trombas até ao chão.
Avançando para o recinto o corpo foi começando a movimentar se ao som da música do dj. Quem disse que uma boa rapariga de uma família conservadora - por exemplo pai e madrasta - não podia sair a noite? Moveu se entre as pessoas que já lá estavam, conhecidas das noites anteriores, os mesmos rostos. Ninguém novo. Suspirou mas rodopiou alegre. Azar daqueles que não estavam ali e estariam em casa a ver a deprimente novela das onze.

Dançou até as cinco da manhã. Não se ia preocupar se com as aulas, só teria a tarde. Depois que chega-se a casa, dormiria até ao meio-dia.

Curiosamente, Mia encontrou Abigail na rua. O caminho de ambas cruzava-se sem qualquer esforço.
Abby estava entusiasmada para ir à discoteca e, ainda que fosse sexta-feira e naquele dia só passassem música dos anos 80 nas pistas, Mia decidiu acompanhá-la. Divertir-se-iam as duas até o sol raiar.
Dançaram, riram e até descobriram que sabiam mais letras das canções dos anos 80 do que aquilo que esperavam. Cantaram como se não houvesse amanhã e ingeriram tal quantidade de álcool que se tiveram de apoiar uma na outra a caminho de casa. Mas não importava. Tinha sido uma boa noite.